Não é todos os dias que se pode usufruir de um agradável périplo por entre natureza tão pouco tocada pelo Homem como o que fiz, ao longo de vários quilómetros, na Serra da Nave. De facto, os sentimentos que experimentei foram de tal forma avassaladores que me vi obrigado a prometer a mim mesmo voltar lá antes do final do estio. Por entre espécies autóctones de rara beleza, perfumes silvestres que nos activam sensores odoríferos que julgamos adormecidos pela vida citadina, cores arcoíricas de espécies florais características desta estação e sons naturais da vida selvagem que pulula por estes montes arredondados, fui avançando, em trilhos já feitos, com a calma necessária para estar atento aos pormenores, até que me deparei com um cenário dantesco, para quem julgava estar no paraíso – lixo!!
A presença de resquícios de actividade humana, ou resíduos sólidos urbanos como pomposamente lhe chamam, num local onde só uma mente desajustada pode julgar ser o local certo para os deixar devia ser considerado um atentado à natureza. E esta situação repetiu-se mais vezes do que seria moralmente aceitável mas não ficou por aqui…
Ainda não estava refeito do choque quando deparo com uma quantidade indeterminada de veículos em fim de vida estacionados em solo registado em nome do Reino Plantae. Quem sabe que nós, humanos, dependemos da natureza, da biodiversidade; quem reconhece a importância da sustentabilidade em termos locais, não estranha que o dia ensolarado que me viu partir, de manhã, para a Serra da Nave, tenha escurecido bastante ao meio-dia.
Esta Serra pode vir a ser explorada em termos turísticos pois possui trilhos interessantes, pontos históricos (como as orcas) e imensos locais onde a beleza natural se encarrega de fazer o chamamento ao comum dos curiosos. Mas há cuidados a tomar pelas entidades responsáveis no sentido de não deixar que alguns estraguem aquilo que é de todos (os seres vivos) e, quem sabe, valerá sempre a pena candidatar este local a Área Protegida podendo até usufruir de algumas verbas estatais.
Alexandre Ferreira
As formigas são trabalhadoras e úteis aos ecossistema, estão entre os animais que mais trabalham e são capazes de carregar várias vezes seu próprio peso.
Quem não conhece a história da cigarra e da formiga?!
A formiga trabalha arduamente, debaixo de um calor arrasador, durante todo o verão, construindo a sua casa e armazenando provisões e mantimentos para aguentar o inverno. A cigarra pensa que a formiga é uma tola e ri, dança e brinca durante o verão. Chega o inverno, e a formiga está confortável e bem alimentada. A cigarra não tem comida nem abrigo e morre.
Pyrus bourgaeana
Fruto silvestre (infrutescência) arredondado, de cor entre o vermelho e o roxo, produzido pela silva, usado na alimentação, geralmente como fruta.
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As amoras/amoras silvestres são mais ácidas do que as groselhas |
http://www.youtube.com/watch?v=TGzJLr7bTGo
O luar através dos altos ramos,
Dizem os poetas todos que ele é mais
Que o luar através dos altos ramos.
Mas para mim, que não sei o que penso,
O que o luar através dos altos ramos
É, além de ser
O luar através dos altos ramos,
É não ser mais
Que o luar através dos altos ramos.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXV"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Hora Mística
Noite caindo ... Céu de fogo e flores.
Voz de Crepúsculo exalando cores,
O céu vai cheio de Deus e de harmonia.
Silêncio ... Eis-me rezando aos fins do dia.
Névoa de luz criando imagens na água,
Nome das águas esculpindo os céus,
Tarde aos relevos húmidos de frágua,
Boca da noite, eis-me rezando a Deus.
Eis-me entoando, a voz de cinza e ouro,
— Oh, cores na água vindo às mãos em branco! —
Minha ópera de Sol ao último arranco.
E, oh! hora mística em que o olhar abraso,
— Sol expirando aos Pórticos do Ocaso! —
Dobra em meu peito um oceano
Afonso Duarte
Roseira Brava
Há nos teus olhos um tal fulgor
E no teu riso tanta claridade,
Que o lembrar-me de ti é ter saudade
Duma roseira brava toda em flor.
Tuas mãos foram feitas para a dor,
Para os gestos de doçura e piedade;
E os teus beijos de sonho e de ansiedade
São como a alma a arder do próprio Amor!
Nasci envolta em trajes de mendiga;
E, ao dares-me o teu amor de maravilha,
Deste-me o manto de oiro de rainha!
Tua irmã…teu amor…e tua amiga…
E também, toda em flor, a tua filha,
Minha roseira brava que é só minha!…
Florbela Espanca
Esta mulher da serra recolhe as sementes da erva numa eira (grandes lages de pedra) para
semear no próximo ano.
José Carlos (Arqueólogo)
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